O assédio e a discriminação de gênero ainda são realidades que impactam a carreira de muitas mulheres nas áreas técnicas, inclusive na engenharia. Esses comportamentos não apenas comprometem o desenvolvimento profissional, mas também afetam a saúde física e emocional das vítimas, gerando insegurança, baixa autoestima e evasão de talentos. A construção de um setor mais ético e inclusivo exige compromisso firme com a prevenção e o combate a essas práticas.
A conscientização é a primeira linha de defesa contra o assédio. Programas de capacitação que orientem sobre direitos, deveres e boas práticas profissionais contribuem para disseminar a cultura do respeito. Além disso, políticas institucionais claras, com normativas que definam sanções e estabeleçam protocolos de prevenção, são fundamentais para proteger profissionais e sinalizar tolerância zero a qualquer forma de discriminação.
Outro ponto essencial é a criação de canais de denúncia acessíveis e confiáveis, que garantam sigilo e apoio às vítimas. Mais do que abrir espaço para relatos, é preciso assegurar que as ocorrências sejam investigadas de forma responsável e que medidas corretivas sejam aplicadas, evitando a revitimização e promovendo a confiança no sistema.
A prevenção, entretanto, deve ir além da punição. Ambientes verdadeiramente inclusivos precisam ser planejados para valorizar a diversidade, promovendo a participação plena de profissionais de diferentes gêneros, raças e orientações. A diversidade, quando estimulada e respeitada, amplia o potencial inovador e fortalece a imagem da engenharia como uma profissão comprometida com o bem-estar coletivo.
Ao adotar práticas efetivas de prevenção ao assédio e à discriminação, a engenharia dá um passo importante para garantir ambientes mais éticos, seguros e respeitosos. Essa postura não apenas protege os profissionais, mas também fortalece a confiança da sociedade na categoria, reafirmando os valores de dignidade, igualdade e integridade que devem nortear o exercício da profissão.
O CREA-PR dentro da sua política de responsabilidade social alinhada ao Paco Global e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, está trabalhando pela obtenção da Certificação em Boas Práticas no Combate à Violência Contra as Mulheres, desenvolvido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas em parceria com o Instituto Nós Por Elas. Tal selo se aplica a qualquer tipo de organização, pública ou privada, podendo ser classificada com selos bronze, prata, ouro ou platina, conforme critérios definidos das ações adotadas para proteção da mulher contra a violência.
O assédio, mesmo em suas diferentes formas (moral, sexual, psicológico ou virtual), configura-se como violência. Tais práticas ainda são comuns na sociedade, sobretudo nas organizações, apesar das muitas conquistas das mulheres nos âmbitos profissional, político, social, civil e cultural. O combate à violência contra mulheres é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e próspera.
Engenheira Civil Margolaine Giacchini coordenadora Comitê do Selo de boas Práticas no Combate à Violência Contra as Mulheres.